quinta-feira, 29 de maio de 2014

A chuva e o poeta - Luciene Freitas

Nuvens choram, manhosamente, na tarde fria,
Singular cortina, de sombras, forma a neblina.
Insistentes gotas, ritmadas, escorrem em nostalgia
Formando espelhos d’água em poças cristalinas.

E na magia da queda de cada gota, que reluz,
O ventre da terra intumesce. A natureza arde.
O poeta é mariposa desvairada, volteando a luz.
Recita versos, enternecidos, colorindo a tarde.

Um piano em leves acordes compassados
Ressoa longe, o mavioso som de uma valsa.
Em melodia festiva os pingos cadenciados
Arrastam a tristeza. Só a chuva é que não passa!

O poeta diz – Não há trevas! Há luz na poesia.
Em versos de louvor canta a Natureza em festa,
Sob a cinzenta luz de artifício. Sem melancolia
Louva as estrelas, escondidas, atrás das arestas.

Serpenteando a terra corre a água em fino fio,
Em ondas reluzentes, enquanto interage o vento.
Os sapos, em estribilho, festejam a chegada do frio,
Enquanto o poeta faz versos de encantamento.

As folhas orvalhadas têm o brilho de estrelas
Realçam o verde, limpo, lavado pelos pingos.
Numa oração, em coro, os poetas bendizem vê-las
E desfiam, embevecidos, em rimas o cantar divino.

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