quarta-feira, 14 de maio de 2014

Amor e razão - Filinto de Almeida

Por que me hei de importar? Se a Razão pede
Sacrifícios, com lágrimas os paga.
Se tenho no meu peito aberta chaga,
Ela nenhum alívio me concede.

"Pára, infeliz! Alguém teus passos mede...
Se em gozos a tua alma se embriaga,
Todos os teus sentidos prende e esmaga,
Que sentir e gozar o mundo impede!"

"Se tens um coração e nele oculta
Uma paixão qualquer, ou triste ou grata,
Fere-o, e no peito toda a dor sepulta."

Isto a Razão nos diz contra a Paixão.
Mas se esta nos dá vida, e aquela mata
Que vença o Amor, e esmague a Razão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário