terça-feira, 6 de maio de 2014

Ao teu lume náufrago – Salvatore Quasímodo

Nasço no teu lume náufrago,
tarde de águas límpidas.

De serenas folhas
arde o ar consolado.


Erradicado dentre os vivos,
coração provisório,
sou limite vão.

Tua dádiva tremenda
de palavras, Senhor,
desconto assiduamente.

Desperta-me dentre os mortos:
cada um se agarrou à sua terra
e sua mulher.

Tu me me olhaste dentro
na obscuridade das vísceras:
ninguém tem minha desesperança
No coração.

Sou um homem só,
um só inferno.

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