domingo, 18 de maio de 2014

Hamlet - Alcides Freitas

Não sei que estranha dor meu peito dilacera,
Que esquisito negror meu espírito ensombra!
Tenho sorrisos de anjo e arreganhos de fera,
Sinto chamas de inferno e frescuras de alfombra!

Sou malvado e sou bom! Minh'alma ora é sincera,
Ora de ser traidora ela própria se assombra!
Que clamores de inverno e paz de primavera!...
Escarneço da morte e temo a minha sombra!

Nervo a nervo, a vibrar, misteriosa e vaga,
Anda-me o corpo todo a nevrose de um tédio,
Que dos pés à cabeça atrozmente me alaga ...

Onde um recurso ao mal que me banha e transborda?
Minha dor é sem fim! Eu só tenho um remédio:
O suicídio - uma bala.:. um punhal... uma corda!...

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