sexta-feira, 9 de maio de 2014

Odor di femina - Gonçalves Crespo

Era austero e sisudo; não havia
 frade mais exemplar nesse convento:
no seu cavado rosto macilento
um poema de lágrimas se lia.
 
Uma vez que na extensa livraria
folheava o triste um livro pardacento,
 viram-no desmaiar, cair do assento,
convulso, e torvo sobre a lájea fria.
 
De que morrera o venerando frade?
 Em vão busco as origens da verdade,
 ninguém m'a disse, explique-a quem puder.
 
Consta que um bibliófilo comprara
o livro estranho e que, ao abri-lo, achara
 uns dourados cabelos de mulher...

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