segunda-feira, 5 de maio de 2014

Para comer depois – Adélia Prado


Na minha cidade, nos domingos de tarde,
as pessoas se põem na sombra com faca e laranjas.
Tomam a fresca e riem do rapaz de bicicleta, 
a campainha desatada, o aro enfeitado de laranjas:  
‘Eh bobagem!’ 
daqui a muito progresso tecno-ilógico, 
Quando for impossível detectar o domingo 
Pelo sumo das laranjas no ar e bicicletas, 
em meu país de memória e sentimento, 
basta fechar os olhos:
é domingo, é domingo, é domingo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário