terça-feira, 6 de maio de 2014

Soneto p´rimeiro - Joaquim Pessoa

Não foi Guevara, mãe, quem te rasgou
Com os punhais do frio pela manhã.
Foi quando eu te feri que um cão ladrou.
Das rosas veio um cheiro a hortelã!

Nos mastros adejavam as gaivotas.
Era Fevereiro. E a noite um pesadelo.
Da chuva que caía algumas gotas
Quiseram repousar no teu cabelo.

E eu nasci. No quarto ninguém estava.
À porta só a chuva é que teimava
Em molhar os lençóis da tua cama.

Não foi Guevara, mãe, quem tu pariste
Foi um grito do povo azul e triste
Na noite em que chorei luas de lama
.

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