terça-feira, 10 de junho de 2014

Devaneio kafkiano - Marisa Soveral

Há uma tristeza
De pele branca e fria
Que não consigo despir
Tecida em arrepios de dor…

As piores mentiras
São as que digo
A mim própria!..

Abro a janela
Preciso de respirar
Sufoco
Mas deparo com um muro
Compacto e intransponível
Um muro que me cerca…

De mim irrompe o insecto
Não posso comunicar
Perdi todo o contacto
Sou um insecto medonho
Que chora no silêncio
…tudo está longe…
Mas ouço vozes a sussurrar sorrindo…
Fechada em mim
Não vejo, mas é como se visse
E escuto
Alguém se lembra?
Alguém sabe que eu existo?
E até quando resistirei
Condenada a morrer de míngua!?...

Nenhum comentário:

Postar um comentário