segunda-feira, 2 de junho de 2014

Isto em mim - Inez Figueredo

Noutro lugar de mim
mas mesmo assim
ainda em mim,
tu, um deus,
vizinho em mim,
por tênues tabiques separado,
trazes as cadeiras e as mesas,
os lençóis e as frutas do jardim.
Embora o cão rosne,
a lâmpada do poste se apiede
dos fantasmagóricos signos da calçada
ainda assim, tu, isto em mim,
instala–te na clareira, barroso chão,
apodera-te da única cadeira
e em mim navegas
naquela madeira à deriva, poeira,
do porão do meu rosto.

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