sexta-feira, 12 de setembro de 2014

À paleta - Rafael Alberti

(Trad. de Xavier Placer)
 
A ti, infinita face, chão semeado
onde ceifa o pincel, resume, amassa
e onde entre cor, luzes e sombras, passa
de mar radioso a um tempo então nublado.
 
A ti, poço e coberta, onde assomado
 medita, vem e vai, mede, compassa;
 fronte na mão pousada que ultrapassa 
teu ver de Polifemo enamorado.
 
A ti, asa redonda, leque, escudo,
espelho que ao vestir queda desnudo
a superfície novamente pura.
 
Em ti a visão se apura assim que nasce.
Teu firmamento o arco-íris pasce.
A ti, leito e cadinho da Pintura

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