sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Soneto - Francisco Otaviano

Morrer, dormir, não mais: termina a vida

E com ela terminam nossas dores,

Um punhado de terra, algumas flores,

E às vezes uma lágrima fingida!

 

Sim, minha morte não será sentida,

Não deixo amigos e nem tive amores!

Ou se os tive mostraram-se traidores,

Algozes vis de uma alma consumida.

 

Tudo é pobre no mundo; que me importa

Que ele amanhã se esb'roe e que desabe,

Se a natureza para mim está morta!

 

É tempo já que o meu exílio acabe;

Vem, pois, ó morte, ao nada me transporta

Morrer, dormir, talvez sonhar, quem sabe?

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