quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Tarde inclinada diante do cálice vazio – Teresa Coraspe

Tradução de Antonio Miranda

As águas do silêncio calam sobre a tarde inclinada
diante do cálice vazio

Se o observaras o vinho brotaria detrás do cristal
para embriagar-se ante teus olhos
Levo a alma esquartejada pelo silêncio que me circunda
e envolve
passo os dias detrás das janelas oxidadas já faz tempo
eu não espero nada não seja marcado pelo velho relógio
aferrado a um muro inexistente
estou suspensa e dependurada
só um fantasma leva acesos os círios
por onde devo andar e assim vou:
caminhando e apagando os pegadas para perder-me
porque sei que não hei de regressar jamais.

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