sábado, 11 de outubro de 2014

Uma taça feita de um crânio humano - Lord Byron


(Tradução de Castro Alves)
Não recues! De mim não foi-se o espírito...
Em mim verás - pobre caveira fria -
Único crânio que, ao invés dos vivos,
Só derrama alegria.

Vivi! amei! bebi qual tu: Na morte
Arrancaram da terra os ossos meus.
Não me insultes! empina-me!... que a larva
Tem beijos mais sombrios do que os teus.

Mais vale guardar o sumo da parreira
Do que ao verme do chão ser pasto vil;
- Taça - levar dos Deuses a bebida,
Que o pasto do réptil.

Que este vaso, onde o espírito brilhava,
Vá nos outros o espírito acender.
Ai! Quando um crânio já não tem mais cérebro
...Podeis de vinho o encher!

Bebe, enquanto inda é tempo! Uma outra raça,
Quando tu e os teus fordes nos fossos,
Pode do abraço te livrar da terra,
E ébria folgando profanar teus ossos.

E por que não? Se no correr da vida
Tanto mal, tanta dor ai repousa?
É bom fugindo à podridão do lodo
Servir na morte enfim p'ra alguma coisa!...

Um comentário:

  1. George Gordon Byron, 6º. Barão Byron, nasceu em Londres
    22/01/1788 e morreu em Missolonghi, 19/04/1824.
    Passados 190 anos o amigo insere aqui um seu poema.
    Se prova fosse precisa, de que os poetas nunca morrem...
    Um abraço.
    Irene Alves

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