terça-feira, 17 de março de 2015

A NUVEM – Teófilo Dias



Sulcas o ar de um rastro perfumoso
que os nervos me alvoroça e tantaliza,
 quando o teu corpo musical desliza
ao hino do teu passo harmonioso.
 
A pressão do teu lábio saboroso
verte-me na alma um vinho que eletriza,
que os músculos me embebe, e os nectariza,
e afrouxa-os, num delíquio langoroso.
 
E quando junto a mim passas, criança,
revolta a crespa, luxuosa trança,
 na espádua arfando em túrbidos negrumes,
 
naufraga-me a razão em sombra densa,
 como se houvera sobre mim suspensa
uma nuvem de cálidos perfumes!

Um comentário:

  1. Uma nuvem de cálidos perfumes!
    Gostei muito desta poesia.
    Aqui neste blogue a poesia comanda.
    Abraço a todos.
    Irene Alves

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