sábado, 2 de maio de 2015

AGORA NÃO TEM MAIS VOLTA – Serguei Iessiênin

Tradução de Pablo Polese

Sim! Está decidido, agora não tem mais volta
Deixei minha querida terra natal,
as folhas de álamos carregadas pelo vento
nunca mais cairão sobre mim,
não sentirei novamente o toque das folhas,
nem ouvirei seus sussurros, é verdade.
Nossa antiga casa vai vir abaixo na minha ausência,
e o meu velho cão já há tempos está morto.
Nas frias e tortuosas ruas de Moscou
caminho para a morte, esperando conhecer a misericórdia
desse Deus que tem me julgado.
Amo demais essa cidade de olmos,
cheia de prédios decrépitos e casas velhas.
Um sonho asiático de inesquecível beleza
onde repousam templos cobertos de ouro.
À noite, quando a luz da Lua, dissipada,
Brilha por sobre a cidade… diabos!
O inferno sabe como queimar!
Estou a andar pelas ruas, cabisbaixo,
Rumo à taverna mais próxima, para um drinque ou dois.
É um antro sinistro e barulhento esse lugar,
Apesar disso, durante a noite toda,
até de madrugada,
leio poemas para as meninas que vão se prostituir,
enquanto me embebedo e elas se divertem
prazerosamente com os ladrões.
Meu coração começa a palpitar com mais e mais força,
então choro, finalmente perdendo a compostura,
e falo, meio sem propósito, meio fora de contexto:
“Assim como vocês, eu falhei e me perdi,
mas pra mim já não há caminho de volta”.
Minha antiga casa desmoronou na minha ausência,
meu velho cão já há tempos está morto.
Nas frias e tortuosas ruas de Moscou
estou fadado a morrer, esperando a misericórdia
desse Deus que tem me julgado.

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