terça-feira, 2 de junho de 2015

OS QUE DORMEM AO VENTO - Hilda Doolittle

Tradução de Adriano Scandolara

Brancos
mais que a crosta
que a maré arrasta,
ardem-nos a areia revirada
e as conchas partidas.

Não dormimos mais
ao vento —
despertamos, fugindo
ao portão da cidade.

Arranquem —
arranquem um altar pra nós,
puxem os rochedos,
empilhem-nos com pedras brutas —
não dormimos
mais ao vento,
propiciem-nos.

Entoem um ululuar
que nunca cessa,
tracem um círculo e homenageiem
com uma canção.

Quando o rugir da vaga em queda
a interromper,
jorre medido o verbo
de águias-marinhas e gaivotas
e aves marinhas clamando
discórdias.

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