domingo, 26 de julho de 2015

DIAS CONTADOS – Talis Andrade

Estou com os pés atados
os dias contados
Nunca mais
andar por aí
onde os caminhos eram ladeados
pelas verdes árvores
que davam sombra
e o canto dos pássaros
Onde os caminhos tinham o perfume
das flores e dos frutos

Estou com os pés atados
e as asas cortadas
Nunca mais
andar por aí
onde o rio era mais azul
Nunca mais
voar por aí
sobre o vale verdejante
Ousar o longe
as alturas

Voar sobre o campanário
da igreja da cidade que nasci
Voar sobre a casa amarela
dos meus assombros e encantos

Vê a menina na janela
que se faz mais distante
de quando eu caminhava
suplicante por um sorriso
um olhar

A menina não me via
nem percebia eu possuía
o poder de transformar
o que era feio em coisas lindas
Uma magia que apenas dependia
dos olhos dela cegos de mim

Nunca mais
voar por aí
Ousar o longe
as alturas
Nunca mais

Nunca mais
pelo vale verdejante
a voz cantante
da ninfa Eco
Nunca mais

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