quarta-feira, 8 de julho de 2015

FLORIRAM POR ENGANO AS ROSAS BRAVAS - Camilo Pessanha

Floriram por engano as rosas bravas 
No Inverno: veio o vento desfolhá-las... 
Em que cismas, meu bem? Por que me calas 
As vozes com que há pouco me enganavas?

Castelos doidos! Tão cedo caístes!... 
Onde vamos, alheio o pensamento, 
De mãos dadas? Teus olhos, que um momento 
Perscrutaram nos meus, como vão tristes!

E sobre nós cai nupcial a neve, 
Surda, em triunfo, pétalas, de leve 
Juncando o chão, na acrópole de gelos...

Em redor do teu vulto é como um véu!
Quem as esparge – quanta flor! – do céu,
Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?

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