domingo, 6 de dezembro de 2015

A MORTE DO JANGADEIRO – Padre Antônio Tomás



Ao sopro do terral abrindo a vela,
Na esteira azul das águas arrastada,
Segue veloz a intrépida jangada,
Entre os uivos do mar que se encapela.

Prudente, o jangadeiro se acautela
Contra os mil acidentes da jornada;
Fazem-lhe, entanto, guerra encarniçada
O vento, a chuva, os raios, a Procela.

Súbito, um raio o prostra e, furioso,
Da jangada o despeja na água escura
E, em brancos véus de espuma, o desditoso

Envolve e traga a onda intumescida,
Dando-lhe, assim, mortalha e sepultura
O mesmo Mar que o pão lhe dera em vida.

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