terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

A RUA DO RIO – Ascenso Ferreira

No começo da rua
Morava Agostinho - o aleijado -
A quem o povo acusava de alimentar-se de coisas imundas :
- Bichos mortos apanhados nos fundos dos quintais !

Fronteiro a ele morava o pedreiro Manuel Belo,
Que por ter sido mordido de cachorro da moléstia,
Quando falava com a gente avançava como um cão !

No meio da rua morava a celebérrima preta Inês,
Catimbozeira "afamanada",
Sempre às voltas com sapos e urubus !

Na outra ponta da rua morava a mulata Filomena,
A quem um jacaré acuou dentro de um banheiro no rio,
E que saiu nuinha pela estrada afora,
Gritando : "Me acudam ! Me acudam !"

Mas nem tudo na Rua do Rio,
Era infâmia, nojo, abominação !

Na outra ponta da rua,
Bem nos fundos do quintal da casa de minha mãe,
Morava o fogueteiro Lulu Higino,
Que no silêncio das noites consteladas,
Arrancava da flauta uns acordes tão suaves,
Que até parecia serem as estrelas lá no céu
Que estavam tocando...

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Vejam mais em: http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/pernambuco/ascenso_ferreira.html

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