Do
livro POEMAS ESCOLHIDOS
Quando eu nasci, um anjo bêbado
Desses que habitam os bares da vida,
disse:
Vai Rafa! Vai escrever umas poesias
Daquelas que saem duras e frias
E prontas para matar e morrer.
Ora, ora! Os bares também fecham as
portas
E a solidão também vive neles
Ainda que as tristezas se afoguem
Nos copos de chope e nas músicas dos
cornos.
O garçom ainda tem jeito no seu ir e vir
E os amigos sabem o que fazer...
Mas para que tanta frescura, minha
gente?
Seria tão bom que as mulheres fossem
cervejas
Para a gente bebê-las calma e
suavemente!
O poeta escreve um texto no seu ofício
De ser pessoa natural
E sonha e fala com os poucos amigos
Buscando um entendimento conjuntural
Porra, anjo safado, por que essa
idiotice
De chegar a mim no dia de meu nascer
Quando sabias que eu seria tão
sentimentaloide?
Ah, esses bares! Ah, esses botequins!
Se meu pai tinha sobrenome Lins
Isso não solucionou minha vinda ao
planeta
Não existiram explicações!
Ah! Esses botequins!
Todos eles repletos de pérfidas canções!
E eu tinha de escrever esse poema, meu
amigo!
Porque essa cerveja gelada
Essa música cantada pelo Nelson
Deixam meu cérebro mais bêbado que o do bêbado real!
Deixam meu cérebro mais bêbado que o do bêbado real!
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