quarta-feira, 27 de abril de 2016

SONETO DO REENCONTRO – Afonso Felix de Souza

Nada mais esperar, se o sentimento
que um dia escravo e deus de mim fizera,
é hoje o doce e amargo no alimento
a alimentar quem sou com quem eu era

e nunca o fui, senão em pensamento.
Nada mais esperar? - Mas clama a espera
no fundo do que sonho, quero e invento
com o que resiste, em mim, ao anjo e à fera.

Oh, não mais esperar! - E o desespero
seria em minha voz, como em meus braços,
a espera mais total, do prisioneiro

que, encerrado em si mesmo, sente o espaço ...
Que inteiro está o amor no derradeiro
pedaço deste amor que despedaço.

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