quinta-feira, 19 de maio de 2016

O CHANCELER – Carlos Magalhães de Azeredo

O velho chanceler é triste e carrancudo;
Sobre o peito, cismando, a calva fronte inclina,
E apoia a forte mão, que exércitos domina,
No seu melhor amigo —um grande cão felpudo.

Dir-se-ia Fausto ancião, que, concentrado e mudo,
Devorando o amargor da dúvida que o mina,
Mergulha o frio olhar pela opaca neblina,
Que, na terra e no céu, vai envolvendo tudo ...

Que ideia agita agora a mente do ministro?
O passado? o remorso? a tirania? a glória?
Um plano de vingança? um combate sinistro?

Silêncio! Ele contempla uma visão estranha:
Vê surgir, um por um, dentre as sombras da história,
Os vultos colossais das lendas da Alemanha...

Nenhum comentário:

Postar um comentário