sexta-feira, 1 de julho de 2016

A UM POETA – Francisca Júlia


Poeta, quando te leio, a angústia dolorida 
Que te mina a existência e que em teu peito impera, 
Faz-me também sofrer, d´alma se me apodera, 
Como se da minh´alma ela fosse nascida. 

Sinto o que sentes: ora a lágrima sincera 
Que foi pela saudade ou pelo amor vertida, 
Ora a mágoa que habita em tua alma, -- guarida 
Onde a negra legião das mágoas se aglomera. 

Não há nos versos teus um sentimento alheio 
À dor; neles se encontra a aspereza das fráguas; 
Há neles ora o suave e módulo gorjeio 

Das aves, ora a queixa harmônica das águas... 
Leio os teus versos; e, em minh´alma, quando os leio, 
Vai gemendo, em surdina, a música das mágoas...

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