sábado, 2 de julho de 2016

CHAMEM O POETA – Dilan Camargo

(Uma ladainha poética)


Algum mal nos afeta?
Chamem o poeta.
A platéia é seleta?
Chamem o poeta.
Ficou torta a reta?
Chamem o poeta.
Ninguém segue a seta?
Chamem o poeta.
Não se alcança a meta?
Chamem o poeta.
A sonda não prospecta?
Chamem o poeta.
Não escutam o profeta?
Chamem o poeta.
A internet não interneta?
Chamem o poeta.
A tecla não deleta?
Chamem o poeta.
A caixa está repleta?
Chamem o poeta.
O botão não ejeta?
Chamem o poeta.
O lixeiro não coleta?
Chamem o poeta.
O arquiteto não arquiteta?
Chamem o poeta.
O ator não interpreta?
Chamem o poeta.
O espeto não espeta?
Chamem o poeta.
O chato não desinfeta?
Chamem o poeta.
O avô renega a neta?
Chamem o poeta.
O ciclista caiu da bicicleta?
Chamem o poeta.
A vizinha é indiscreta?
Chamem o poeta.
Mas a dama é discreta?
Chamem o poeta.
Não adiantou a dieta?
Chamem o poeta.
Não sai a eleição direta?
Chamem o poeta.
O governo decreta?
Chamem o poeta.
Conflito burguês x proleta?
Chamem o poeta.
O corrupto se locupleta?
Chamem o poeta.
A conta é secreta?
Chamem o poeta.
Acham que somos patetas?
Chamem o poeta.
O delator alcagüeta?
Chamem o poeta.
Tem criança analfabeta?
Chamem o poeta.
A multidão se inquieta?
Chamem o poeta.
A carreta não acarreta?
Chamem o poeta.
O dinheiro usa cueca?
Chamem o poeta.
A rima está incorreta?
Chamem o poeta.
A poesia está incompleta?
Chamem o poeta.
Se for pouco um poeta
chamem um enxame de poetas.
Não importa que mais chamem
do que amem e declamem o poeta.
Chamem o poeta !
Chamem o poeta!

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