segunda-feira, 2 de abril de 2018

CANTIGA DO MUNDO – Paulo César Pinheiro

O vento não nasce de nada.
Também ninguém sabe onde finda.
Cheguei com esse vento na estrada.
E vou muito mais longe ainda.

Eu moro no meio da rua,
Do rio, do mar e do mundo.
Se a brisa passar, ela é sua.
Se é o vento, eu mergulho no fundo.

Pra mim não tem vento bravio
Que venha apagar minha brasa,
Pois é com a corrente do rio
Que eu tranco o portão lá de casa.

Tem gente que ouve o meu nome
Gravado em rajada de vento
Porque furacão e ciclone
Me servem de cama e assento.

O vento que faz rodopio
Desata o cordão da sacola.
E uso do seu assovio
A fim de afinar a viola.

Por isso é que eu sou vagabundo.
E o vento que quer que eu prossiga.
Que eu faço a cantiga do mundo
E o vento é que canta a cantiga.

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