segunda-feira, 14 de maio de 2018

IMORTAL – Vivita Cartier

Tenho o corpo abatido, o olhar tristonho;
recôndita opressão me esmaga o peito;
falta-me o ar, nunca respiro a jeito;
se me obrigam a andar, logo me oponho.

No espaço indefinido os olhos ponho,
atirada, sem forças, sobre o leito.
E penso… penso nesse gozo eleito
duma vida futura, com que sonho…

Embora humilde, resignada embora,
        sucumbo ao negro horror que me apavora,
        se pressinto um tormento prolongado.

E anseio pela queda da matéria,
para minh’alma, em escalada etérea,
        chegar, enfim, ao mundo desejado…

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