quinta-feira, 24 de maio de 2018

POCILGA – Rafael Rocha

Do livro “Ômega & Alfa”

Na curva dos caminhos dos porcos
o tempo estacionou taciturno
apagou a luz da rua
trouxe o vento frio
e pintou o horizonte de nada.

Homens gritaram crueldades
o dia fez-se vagabundo
e os poderosos filhos das putas:
sargentos, coronéis, generais,
deputados, senadores, ministros
abriram os cadafalsos
e despejaram neles as línguas dos vivos.

A sirene do calabouço tocou ao longe
e o chicote do feitor vibrou na escuridão.
Na curva dos caminhos dos porcos
os proprietários das pocilgas da pátria
levaram repasto de merda para o povo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário