quinta-feira, 14 de junho de 2018

PALAVRAS FEIAS – Helena Ortiz

do escombro ao cotovelo
descendo
cintura sexo joelho
crescente carícia  em  cada
orifício
num afã de mãos
a latejar no escuro
senha sinal insistência
suposição talvez
de alguma improvável
resistência

explicação nenhuma
quem sabe vício
memória de outro poço
não importa
do pé ao pescoço
poema gemido
a partir da segunda estrofe
duma lonjura  (parecia)
chegavam  palavras  feias
(ele dizia tantas)

Sem nome ou dia definido
não sentir o chão
apenas vislumbrar seus dentes
brancos  bruscos  cintilantes
e o grave  (sábio)  movimento
dos duzentos dedos

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