segunda-feira, 9 de julho de 2018

PAZ – Kátia Borges

Invento a paz: panos brancos nas janelas.
Os burgueses da pensão estranham – canto.
Eu, que nunca cantei.

Atendo no balcão os mortos todos,
procurando achados e perdidos.

E vivo. Eu,
que nunca ousei.

O luto, que cobriu de negro
este quarto, hoje é passado.
Enterrado no quintal dos fundos.

Que as crianças entrem e desarrumem tudo,
rasgando em algazarra meus retratos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário