A saudade desenha seus estiletes, pai.
De dentro para fora.
Teus molinetes, agora
ornamentam a casa
com inconformável beleza:
procuram tua pesca.
Nenhuma fresta entre nós.
Nenhuma isca.
Na antifesta de estar,
o mar desfeito
não comemora comigo:
estamos sós.
E não há pacto
de anzóis que capture
a precocidade de tua ausência
ou te devolva
como devolvíamos os peixes para a água.
— Lembras?
Apareceram uns cansaços nas paredes.
Onde antes teu descanso
sobre o dorso das redes,
agora memórias rendadas
avarandam a chuva
em chamamento.
Enquanto o vento motiva algum sol,
embala-me ainda teu riso
nos braços já fracos
da infância.
- As tarrafas cresceram, pai.
Ainda não aprendi a dobrá-las.
Emocionante!
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