terça-feira, 6 de maio de 2014

A morte dos amantes – Charles Baudelaire


Teremos camas com os mais leves cheiros 
E profundos divãs, quais mausoléus, 
Além de estranhas flores nas prateleiras,
 Para nós abertas em mais belos céus.

À porfia gastando os ardores últimos,
 Os nossos corações, quais labaredas,
 Refletirão as suas chamas duplas 
Nas nossas almas, dois espelhos gêmeos.

Numa noite de rosa e de azul místico
 Um só relâmpago iremos trocar,
 Como o soluço de um adeus sem fim;

E o Anjo, mais tarde, abrindo as portas, 
Alegre e fiel, virá reanimar
 Os baços espelhos e as chamas mortas.

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