Nuvens choram,
manhosamente, na tarde fria,
Singular cortina, de
sombras, forma a neblina.
Insistentes gotas,
ritmadas, escorrem em nostalgia
Formando espelhos
d’água em poças cristalinas.
E na magia da queda
de cada gota, que reluz,
O ventre da terra
intumesce. A natureza arde.
O poeta é mariposa
desvairada, volteando a luz.
Recita versos,
enternecidos, colorindo a tarde.
Um piano em leves
acordes compassados
Ressoa longe, o
mavioso som de uma valsa.
Em melodia festiva os
pingos cadenciados
Arrastam a tristeza.
Só a chuva é que não passa!
O poeta diz – Não há
trevas! Há luz na poesia.
Em versos de louvor
canta a Natureza em festa,
Sob a cinzenta luz de
artifício. Sem melancolia
Louva as estrelas,
escondidas, atrás das arestas.
Serpenteando a terra
corre a água em fino fio,
Em ondas reluzentes,
enquanto interage o vento.
Os sapos, em
estribilho, festejam a chegada do frio,
Enquanto o poeta faz
versos de encantamento.
As folhas orvalhadas
têm o brilho de estrelas
Realçam o verde,
limpo, lavado pelos pingos.
Numa oração, em coro,
os poetas bendizem vê-las
E desfiam,
embevecidos, em rimas o cantar divino.
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