terça-feira, 13 de maio de 2014

Soneto II - Rafael Duyos

Que hei de fazer, amor, sem teu cuidado
 quando novembro chegue às minhas veias?
 Já não trarei as mãos, como hoje, cheias
de açucenas, do teu jardim velado.
 
Porém, desse jardim por mim guardado
 entre estas folhas de sonetos cheias,
 restará a saudade - e em suas peias
 um perfume de amor, de amor calado.
 
E quando perguntarem: e isto, que era?
 Por que uma tal lembrança murcha e rota
 no teu velho caderno de poesias?
 
Eu lhes direi que foi a primavera!
O sumo dos teus lábios, gota a gota,
 semeando as ilusões mais fugidias.

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