sábado, 17 de maio de 2014

Pomo do mal - Fontoura Xavier

Dimanam do teu corpo as grandes digitales,
Os filtros da lascívia e o sensualismo bruto!
Tudo que em ti revive é torpe e dissoluto,
Tu és a encarnação da síntese dos males.

No entanto, toda a vez que o seio te perscruto,
A transbordar de amor como o prazer de um cálix,
Assalta-me um desejo, ó glória das Onfales!
— Morder-te o coração como se morde um fruto!

Então, se dentro dele um mal que a dor excite
Conténs de mais que o pomo estéril do Asfaltite,
Eu beberia a dor nos estros do delírio!...

E podias-me ouvir, excêntrico, medonho,
Como um canto de morte ao ritmo dum sonho,
O poema da carne a dobres de martírio!...

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