quinta-feira, 11 de junho de 2015

BARRO NU (OS ARAUTOS NEGROS) - César Vallejo

Tradução de Jorge Henrique Bastos

Erguem-se visagens fúnebres do lábio
Como batráquios terríveis na atmosfera.
Pelo Saara azul da Substância
Caminha um verso cinza, um dromedário

Fosforece um esgar de pesadelos cruéis.
E o cego que morreu repleto de vozes
De neve. Madrugar o poeta, o nômade,
É um dia áspero para ser homem.

As horas seguem febris e abortam
Nos ângulos rubros séculos de ventura.
Quem corta o fio, quem desfaz
Impiedosamente os nervos,
Cordéis já gastos, na tumba?

Amor! E tu também. Pedras gastas
Se delineiam na tua máscara que se rasga
Contudo, a tumba é
Um sexo de mulher que conquista o homem!

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