quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

ACENDO A LÂMPADA DE SAL DA MONTANHA – Carina Sedevich


Tradução de Ellen Maria Vasconcellos

Acendo a lâmpada de sal da montanha
ao lado de minha cama.
Solto meu cabelo,
recordando meus grisalhos invisíveis.
Me acomodo entre lençóis de fios
com a bata dourada da China.
Debaixo minha pele branca não deseja
nem em seus botões rosados
nem em seus sinais pálidos.
Sobre o travesseiro se escutam meus anéis
porque está fresco, talvez,
e se afinaram meus dedos.
O ouro, a prata, a ametista.
Lá fora a noite se espessa
porque terminou a lua cheia.
Começa o mês que precede ao inverno.

Que leve sou sem seus desejos.

Que doce corre a alma
em meu esqueleto.
Que certa é esta cara e estes flancos
que certos que são,
que delicados!
Minha gata me admira, branca e parda,
e eu admiro a ela em seu silêncio.
Até o perfume vermelho das flores
tenho.

Que leve sou sem meus desejos.

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