Seis palavras à procura de um poema
— pirotécnicas e pirandellianas —
passeiam pela noite descuidada.
Dadas as mãos, atravessam a praça,
olham o céu, buscando comovidas
da lua cheia a face sextavada.
Contam estrelas, meio envergonhadas:
bem sabem o banal deste recurso
e vão-se afastando, cabeças baixas.
Seis palavras flutuam, indecisas,
em demanda de estrofe onde se encaixem.
Soltas, nada mais são que sopro, brisa.
Soltas, nada mais são que folhas novas
brotando da videira, pressurosas:
furam o tronco e ainda não são uvas.
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