(Tradução de Álvaro Reis)
Densa, a noite a pesar sobre o Nilo obscuro.
Cleópatra, arrebatada à luz fria e esplendente
dos astros, afastando as servas, de repente,
rasga as vestes num gesto impudico e seguro.
De pé, no alto terraço, a plástica imponente
mostra cheia de amor como um fruto maduro!
Toda nua, ela vibra, ignívoma serpente,
do vento ao morno beijo, alva, no cimo escuro.
Ela quer tenha o mundo esta noite o perfume
da sua carne! E ao olhar, fulge-lhe estranho lume...
- sombria flor do
sexo esparsa no ar noturno
- E a Esfinge, pelo areal do tédio taciturno,
sente um fogo invadir-lhe o impassível granito,
- e um frêmito
percorre o deserto infinito...
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