segunda-feira, 27 de abril de 2015

O QUE DIZEM OS GIRASSÓIS SOBRE A MORTE – Micheline Verunschk


Eles vestiram
suas roupas sujas
e saíram de casa.
E suas mãos
se desmanchando
em linhas de sangue
borraram a lã dos cordeiros
e as amendoeiras.
Nossas tias lamentavam a lua,
o tapete que teciam,
a voz de esmeralda
da menina caída no poço.
Eles não sabiam,
mas estávamos lá.
Bebemos em silêncio
o sêmen ainda quente do morto.

Um comentário:

  1. Amigo Rafael, sempre aqui encontro boa poesia e muitos poetas
    (que eu desconhecia). Muitas vezes fico aqui silenciosamente
    a lê-los. Vou levar este para colocar num dos meus blogues.
    Saudoso abraço
    Irene Alves

    ResponderExcluir