O barro
O barro vermelho
Recobre os pés e o cabelo
Embota as ideias, que viram pedras
O barro emoldurando as ruas
Barro nas minhas mãos e nas tuas
O barro no vento
Nevoeiro vermelho
No ar confuso tua imagem difusa
Quilômetros de estradas de barro
O carro fica vermelho
Até chegar a ti, não longe
Sobre a estátua, barro que imita o bronze
Mas se desfaz na chuva
Vira rio de lama
Que fica lá parado, secando
Até virar deserto
Mais um dia de espera
Meus poros duros de barro sufocam
O suor tem que atravessar paredes
Lágrimas, nem pensar
O vento começa a soprar
Vai me cobrir de barro
Até eu sumir
Vou virar parte do chão
Vou ser um fóssil
Memória
da solidão
Gostei muito desta poetisa e de conhecer o seu barro.
ResponderExcluirOs meus cumprimentos.
Irene Alves