sou feita de terra e nuvem
desta
varanda amarela
faço
versos e olho a rua.
Ao céu
cresce o meu pedaço
nuvens,
bruma, sonho, espaço
como em
tempos ancestrais.
Andando na
terra nua
vai minha
porção mulher
a mesma
que as cordilheiras
viram em
onças e ovelhas
desde
antes de mim, de ti,
e de tudo
o que sabemos.
Enquanto
em palavras canto
meu
espanto
que é
tamanho
ante a
turba, a bala, a morte,
ante os
mistérios da vida
e os
sonhos de um paraíso,
entrevejo
temerosa,
como
chuva na varanda
no pó que
pisam meus dedos,
a minha
porção mulher.
Deisa
suores dos joelhos,
do seu
dorso, dos seus seios,
do seu
corpo em exaustão.
Deixa um
hálito cansado
de
lembranças empaladas
do que
ontem se esperou
dos mofos
de uma verdade.
Pés de
mulher, carne-viva,
muito
sangrados no chão.
Uma poesia muito activa. Gostei.
ResponderExcluirOs meus cumprimentos.
Irene Alves