Ganha forma a sombra do luar,
não a sombra fresca das figueiras
nas manhãs de Agosto, onde devagar
o sol troca, o louro trigo pelas eiras.
Ganha forma o desejo de vingança,
perto do fim, a crescer dentro do peito.
Penumbra de uma vida que balança
já perdida e percorrida sem proveito.
Ganha forma o ar que não respiro,
a forma da raiva que não tenho,
dos sons que do silêncio já retiro
do grito interminável que contenho.
Ganha forma a morte em sons de festa,
a correr, vermelho vivo pela testa.
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