domingo, 6 de dezembro de 2015

BARCOS DE PAPEL – Guilherme de Almeida




Quando a chuva cessava e um vento fino
Franzia a tarde tímida e lavada, 
Eu saía a brincar, pela calçada,
Nos meus tempos felizes de menino

Fazia, de papel, toda uma armada;
E, estendendo o meu braço pequenino,
Eu soltava os barquinhos, sem destino,
Ao longo das sarjetas, na enxurrada...

Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles,
Que não são barcos de ouro os meus ideais:
São feitos de papel, são como aqueles,

Perfeitamente, exatamente iguais...
- Que os meus barquinhos, lá se foram eles! 
Foram-se embora e não voltaram mais!

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