O poema é uma lagoa distante
Onde os sapos segregam pios
Que se tecem como a noite
E se coagulam numa longa
Canção noturna
Que se adensa pela casa
Bailando com a neblina
Pelos quartos
Partindo
Sem o cheiro salino dos vales
E o vazado rangir da rede
Quando ao amanhecer
A cantoria se transforma
No mugir das vacas
E duendes e morcegos
Vão dormir
É chegada a hora de o poema
Mergulhar no lodo da Titara
Hibernando a linguagem da terra
Buscando a busca do tempo
Para quando o sol morrer
A força vegetal da vida
Brotar mais fundo
Do coração das serras
Arrancando lá de dentro
Os frutos apodrecidos
E os olhos de fogo
Da
canção noturna
Nenhum comentário:
Postar um comentário