quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

NINGUÉM SABE - Jessica Iancoski

 

É,
Agora, ninguém sabe que estou no Rio,
Só a minha amiga, o medo
Saímos
E pegamos uma bike de Copacabana
Indo para Ipanema
Somos livres.

Tempo, seu covarde,
Ladrão inútil
Eu sou livre
O que que você acha disso?
Responde!

Sim,
Estamos furando a noite,
No túnel do pôr do sol
Bem no meio das luzes
Dos prédios
E do preto da íris
Enquanto pedalamos
Os braços pendulam
E tem a pedra do Arpoador
Mas como poderia estar atrasada
Se nunca possuí o tempo?

Os aplausos ficaram para trás,
Enquanto eu afundava na escuridão.

E me responde, agora, seu ladrão,
Antes do próximo verso,
Quando foi a última vez que você pedalou
Para furar a noite?
Você já abriu os braços para sentir
A leveza do vento no rosto dos cílios
E o guidão da vida solto
Sem guardião
E as suas canelas de fora levitando?
E tudo sendo levado por covardes
Como você, seu inútil

Esquece, você nem sabe pedalar ainda
É só uma criancinha impulsiva
E besta.

A única coisa que quero saber
É que horas vamos chegar no Leblon
É tudo o que me importa
Ou mais adiante
Ou mais tarde
Tanto faz quando você está bem no meio do tempo
Furando a noite.

Ninguém sabe que estou aqui
Só a minha amiga
O Rio,
O vento
A bike que pedalo,
E é claro, você seu covarde
Que sempre me persegue
Fazendo pesar as costas e o pedal
E nada a mais.

É, seu ladrão,
Ninguém diria ontem
furando a noite
Bem no meio do olho
Da noite,
Bem no meio da lágrima
Do tempo

Mas é só o mar
De Copacabana,
Ou de Ipanema
Ou do Leblon
Tanto faz
Porque ninguém sabe
Que estou no Rio
E talvez nem eu saiba
Ou esteja.

A única coisa certa é que
A liberdade é sempre a mesma amiga
Em qualquer lugar
Do medo
E eu estou tentando morrer agora,
E ninguém sabe,
Seu inútil,
Eu não quero voltar hoje
Para mim o amanhã nunca existiu
E você não faz nada a respeito
Sempre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário