terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

NÃO BASTA O RIO - Guilherme Gontijo Flores

 

murmúrio
adocicado das águas
rumo certeiro transparência
do olho d'água
desaguar suave sua torrente
não adianta fonte pura
ou perpétuo devir dos rios
como se fosse foz
seu único destino

não basta o rio –
cruzar a vida como esquina
sem banzeiro que revire a via estreita
nem
sorrir pra cantilena ilusória do mar –

carece macaréu em barro e areia
arrancado as árvores revendo
o próprio rumo estrondo só
sal revoluto
o corpo inteiro em pororoca

Nenhum comentário:

Postar um comentário