terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

O MAU CAMINHO – António Feijó

 

Vejo um belo caminho marginado
De viridentes árvores frondosas,
Todo em sombras discretas mergulhado
E coberto de moitas olorosas.

Mas de que serve este caminho estreito
Em cuja sombra o meu olhar demoro?
Sei muito bem que ele não vai direito
À habitação daquela a quem adoro.

E aquela a quem adoro e por quem erro...
Não pode nas estradas caminhar...
Logo ao nascer, em borzeguins de perro
Os tenros pés fizeram-lhe moldar!

E ninguém sabe que torturas sofre
Nem que desgosto o meu amor pressente!

- Quando nasceu, fecharam-lhe num cofre
O pequenino coração tremente...

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