segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

IDEALISMO – Augusto dos Anjos

Falas de amor, e eu ouço tudo e calo!
O amor da Humanidade é uma mentira.
É. E é por isso que na minha lira
de amores fúteis poucas vezes falo.

O amor! Quando virei por fim a amá-lo?!
Quando, se o amor que a Humanidade inspira
é o amor do sibarita e da hetaíra,
de Messalina e de Sardanapalo?!

Pois é mister que, para o amor sagrado,
o mundo fique imaterializado
- Alavanca desviada do seu fulcro -

E haja só amizade verdadeira
duma caveira para outra caveira,
do meu sepulcro para o teu sepulcro?!

Nenhum comentário:

Postar um comentário