Tradução de Olavo Bilac
Ninguém soube quem
era o Cavaleiro Pobre,
Que viveu solitário, e morreu sem falar:
Que viveu solitário, e morreu sem falar:
Era simples e sóbrio,
era valente e nobre,
E pálido como o luar.
E pálido como o luar.
Antes de se entregar
às fadigas da guerra,
Dizem que um dia viu
qualquer cousa do céu:
E achou tudo vazio...
e pareceu-lhe a terra
Um vasto e inútil mausoléu.
Um vasto e inútil mausoléu.
Deste então, uma
atroz devoradora chama
Calcinou-lhe o desejo, e o reduziu a pó.
Calcinou-lhe o desejo, e o reduziu a pó.
E nunca mais o Pobre
olhou uma só dama,
— Nem uma só! nem uma
só!
Conservou, desde
então, a viseira abaixada:
E, fiel à Visão, e ao
seu amor fiel,
Trazia uma inscrição
de três letras, gravada
A fogo e sangue no broquel.
A fogo e sangue no broquel.
Foi aos prélios da
Fé. Na Palestina, quando,
No ardor do seu
guerreiro e piedoso mister,
Cada filho da Cruz se
batia, invocando
Um nome caro de mulher.
Um nome caro de mulher.
Ele rouco, brandindo
o pique no ar, clamava:
Lumen coeli
Regina! e, ao clamor dessa voz,
Nas hostes dos
incréus como uma tromba entrava,
Irresistível e feroz.
Mil vezes sem morrer
viu a morte de perto,
E negou-lhe o destino
outra vida melhor:
Foi viver no
deserto... E era imenso o deserto!
Mas o seu Sonho era maior!
Mas o seu Sonho era maior!
E um dia, a se
estorcer, aos saltos, desgrenhado,
Louco, velho, feroz, — naquela solidão
Morreu: — mudo, rilhando os dentes, devorado
Pelo seu próprio coração.
Louco, velho, feroz, — naquela solidão
Morreu: — mudo, rilhando os dentes, devorado
Pelo seu próprio coração.
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